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Como a FOMO pode se aliar a síndrome do impostor

Medo de ficar de fora das redes sociais agrava problemas de saúde

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Foto: Freepik

Em março, a estudante Thainá Gomes aderiu ao TikTok, para se distrair da pandemia de Covid-19. Hoje, a jovem conta que isso deixou seu uso pelas redes sociais compulsivo, a fazendo registrar tarefas diárias como estudar, comer e até ir ao banheiro. Além disso, ela revela que estar na internet com frequência a fez desejar o mesmo estilo de vida de viagens e presentes das blogueiras.

Com o advento do isolamento social o cenário cotidiano foi transformado e novas pautas foram levantadas. As redes sociais que se tornaram mais dinâmicas, através de uma troca íntima entre seguidores, pode contribuir no surgimento de vícios e síndromes.

Esses pontos podem ser notados no documentário “O Dilema das Redes”, produzido pela Netflix e que explora os riscos de estar online por muitas horas consumindo comportamentos e tendências. 

A síndrome da FOMO, sigla da expressão em inglês "fear of missing out", que em português significa "medo de ficar de fora", se caracteriza por uma necessidade constante de saber o que outros indivíduos estão fazendo. Associado a sentimentos de inveja e medo de perder atualizações de festas e eventos, pessoas que têm FOMO, acabam tendo uma necessidade constante de se atualizar nas redes sociais. Isso pode acontecer no meio da noite, no trabalho, refeições e até mesmo no convívio com terceiros.

Seus sintomas são: dedicar muito tempo as redes; atualizar constantemente o feed de notícias; aceitar propostas para todas as festas e eventos, por medo de perder alguma coisas ou se sentir excluídos, usar smartphone toda hora e fazer comparações com outros usuários.

 

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Foto: Freepik

Essa síndrome revela como as redes sociais podem gerar problemas de saúde mental, auxiliando na reflexão sobre a necessidade de estar dentro das tendências a qualquer custo. Um exemplo disso são os filtros do Instagram, que alteram a fisionomia dos usuários, podendo acarretar a Síndrome do Impostor, um transtorno que faz com que as pessoas vejam a si mesmas com uma inferioridade ilusória e desqualificadas para exercer habilidades.

 

Uma pesquisa recente, feita pelo grupo Girlguiding, descobriu que cerca de um terço das jovens não publica fotos suas nas mídias sociais sem antes usar um filtro que modifica a sua aparência. Das 1.473 entrevistadas, com idades de 11 a 21 anos, 39% disseram se sentir infelizes por não se parecerem na vida real com as imagens que publicam de si mesmas na internet. 

Buscando contornar esses sentimentos, o movimento filterdrop foi idealizado para tentar minimizar o uso constante dos filtros. A modelo e maquiadora britânica Sasha Pallari em apoio a iniciativa abriu mão do uso de filtros nos stories e no seu feed. Foi ela quem lançou a hashtag #filterdrop, algo como “deixe o filtro”, com propósito de ver mais rostos reais na rede. Já o criador de filtros Renan Gama, mostra que isso pode estar longe de acontecer através dos pedidos de seus clientes: “O que as pessoas mais pedem são filtros de maquiagem, pedindo para alterar e suavizar a pele, inserir cílios, bochechas coradas e dentes brancos”.

Para a psicóloga, Dra. Patricia Saavedra, existem formas de alienação da pós-modernidade que contribuem para uma necessidade do indivíduo em querer se enxergar dentro de um todo. Assim, alcançando a FOMO, quando a auto análise do estado de humor, atitudes e comportamentos deixam de ser avaliadas.  

 

"Esses sentimentos contribuem para gerar a Síndrome do Impostor, um estágio avançado de um conjunto de pensamentos e comportamentos baseados no medo, insegurança, baixa autoestima e ansiedade. Nela, o indivíduo subestimar suas próprias habilidades, criando um sentimento de farsa e temendo que o coletivo descubra que ele não é aquilo que propaga", diz Patrícia. 

A digital influencer Sthefany Coelho, consegue exemplificar esses sentimentos e conta que apesar de ser uma figura pública que compartilha padrões e tendências, se sente sobrecarregada diante da necessidade de estar online atualizando suas redes sociais: “Às vezes me sinto pressionada. Eu não consigo acreditar em mim e ver que que sou boa. Tenho algumas dúvidas e inseguranças sobre a minha capacidade”. 

Para problemas como o de Sthefany e outras pessoas que consomem tendências da internet e sofrem com essas síndromes, a Dra. Patrícia diz: “A prática da gentileza, empatia e o não julgamento são trunfos para ativar novos pensamentos e ações. Além da busca por terapia, que facilita ao indivíduo novas possibilidades e perspectivas, na construção de uma melhor qualidade de vida”.

Quer saber mais sobre o assunto e repensar sobre as redes sociais, o Em Pauta tem uma lista sobre dicas de livros para repensar as redes sociais. 

E não deixe de conferir nosso podcast para saber mais sobre o assunto!

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Foto: Freepik

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